terça-feira, 26 de julho de 2011

Sem título

Me embrenho sua selva acima
e incendeio por dentro suas árvores,
farejo o aroma esquálido da sua flora
e procuro, cego, tuas relíquias
- essas que tinhas quando menina
e que as outras preservam
na limítrofe castidade de suas vidas.

Sou um soldado e ergo entre fumaças
dos destroços de nós dois
o sangue irrigado em pestilência
e abro olhos às delícias
que vendes em varejo
a mim, aos meus irmãos,
desde o início dos tempos.

Eu gargalho seu engasgo,
submeto teus joelhos ao meu ídolo
faço cumprires promessas baratas
por um punhado de moedas
de ouro, de cobre, de cabelos
saqueados da igreja
da inocência de meu idílio.

O cálculo do teu orgasmo
é pimenta para meu corpo
e tem a geometria da féria diária
que deposito nas suas mãos
ágeis, dolorosas, brancas
que encenam um adeus
no fim de nosso tempo
que insisto em mais quatro versos
estender inutilmente
ante o irrevogável preço
da sua máscara de desejo.